26/04/2017

O dia do parque


Existem várias sutilezas e curiosidades que formaram pedacinhos dessa história, que contribuíram para que as coisas acontecessem, como um quebra-cabeça que o destino tratou de montar.

Depois do primeiro contato no bar que quase não aconteceu, pouco a pouco eles foram se conhecendo, falando sobre textos que ninguém viu – até então – e de amenidades quaisquer. O laço que se formara começou a se estreitar no ritmo de um conta-gotas, como deveria ser.
Em um e-mail com um texto escrito por ela, a moça mandou seu telefone e, claro, ele percebeu. Ao adicionar o número dela, encontrou-a disponível no WhatsApp, conseguir falar com ela por lá foi uma surpresa em tanto, já que o aplicativo raramente funcionava em seu celular e foi assim que as palavras os aproximaram outra vez.
Os dois se falavam praticamente todos os dias, a conversa levando para longe a distância que as duas cidades lhes impuseram. Nas manhãs havia sempre o bom dia dela e ele sorria ao acordar e ver a mensagem lhe esperando. Houve troca de músicas, em que um completava os versos do outro e até flertes inseguros escondidos em palavras menos ousadas.
Certo dia falavam sobre o constrangedor primeiro encontro.
Ela disse: “Minha mãe diz, Joyce, se você está afim e a pessoa dá dois passos para a frente você dá dois para trás.”
Ele se comparou ao protagonista de How I met your mother e ela entendeu a referência.
No dia seguinte, ele acordou com um texto lindo sobre como era se ver através dos olhos dela, sobre como ele a inspirava e então sentiu no peito um palpitar diferente, de algo novo e nunca vivido. Um palpitar receoso e instigante. Um palpitar que dizia que podia ser amor, só que ele ainda não sabia disso.
Nesse meio tempo ele também falava com outra moça, uma amiga das palavras que ele conhecera através de seu blog. Ela estaria na região e queria marcar de encontrá-lo, para se conhecerem pessoalmente. Ele disse que sim e perguntou se podia levar alguém. Ela disse que adoraria conhecê-la e quis saber se era amor. Ele respondeu que era alguém que o fazia sorrir.
Logo ele convidou sua moça encantadora para sair com ele e a amiga no dia seguinte. Inicialmente ela fez um charme, mas acabou aceitando. Na conversa dos dois daquela noite, foram mais audaciosos e conversaram sobre sentimentos, sobre como estavam se sentindo com tudo o que acontecia, sobre como era ser o sorriso no rosto do outro e sobre não dar passos para trás.
O conta-gotas, as músicas, as mensagens trocadas, os textos e a moça do blog foram o prelúdio dessa história, foram o que levou ao que ficou conhecido como “o dia do parque”, que é o que eu vou contar agora.

26/04/14

Ambos estavam ansiosos por aquele dia, pois na conversa da noite anterior deixaram claro que queriam estar juntos. Que queriam colar os sorrisos um no outro e andar de mãos dadas. Que os passos dados seriam somente para a frente. Então aguardavam a hora chegar.
A moça do blog cancelou de última hora, mas ele não quis deixar isso estragar seus planos de encontrar sua garota, então não disse nada a ela e seguiu conforme haviam combinado.
Ele chegou antes ao local do encontro e viu quando ela apareceu. Ela quis assustá-lo e se aproximou por trás dele sem saber que ele já a avistara. Ele virou em sua direção e a beijou. Ela reagiu dizendo que precisava colocar créditos no celular da amiga. É, nada é perfeito.
Após a missão cumprida para a amiga e sem saber quem estava mais constrangido, os dois não sabiam para onde ir, decidiram então sentar-se no parque ao lado para conversar.
A conversa foi fácil, como se os dois se conhecessem há anos e não apenas há pouco mais de um mês. A conversa foi de música, de acontecimentos passados engraçados, de planos, de séries e filmes, mas o mais importante foi que a conversa foi intercalada com beijos. Sim, não mais roubados, mas entregues com vontade de descobrir o novo, com sabor da promessa de novas histórias e novos sentimentos. Beijos de quero mais e beijos de pausar o tempo.
Mas o tempo não parou, ele seguiu apressado como se estivesse atrasado para algum compromisso urgente e logo puxou a cortina da noite para o mundo.
Depois de muita conversa, da caçada fracassada por Entes (uma raça do universo de O Senhor dos anéis parecida com árvores que andam), de analisar o desenho das nuvens, de sorrisos, risos e beijos, chegou a hora da despedida.

Apesar disso, não houve tristeza, pois os dois sabiam que aquele dia era apenas mais uma parte do primeiro capítulo da história mais bela que já viveram e que haveriam muitos capítulos mais por vir.

Dedicado a Tati Tosta - a moça do blog
Compartilhe:    Facebook Twitter Google+
Continue lendo